segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O voto que não darei


Aproxima-se o grande dia da votação para o segundo turno, que definirá, de uma vez por todas, o futuro presidente do Brasil: Dilminha, a bruta; ou Serra, o insosso.

Não dei meu voto no primeiro turno. Não darei no segundo. Uns danadinhos por aí andam me chamando de reacionário, de conservador, de alienado, de xarope, entre outros elogios. Tolinhos. Querem me enquadrar numa posição política qualquer. Perca de tempo. Não sou de direita, nem de esquerda, tampouco de centro. Dou-me ao luxo de pensar com minha própria cabeça, embora me agrade bastante às idéias de Max Stirner.

Odeio partidos políticos. Não acredito em eleições. Desprezo isso que os honrados entendidos em política chamam democracia, pois essa utopia socrática está tão morta quando o próprio Sócrates.

Parece que os políticos brasileiros nunca tomaram um pingado e comeram um pão na chapa no boteco da esquina antes de ir trabalhar (Trabalhar?). Parece que nunca viram um mendigo dormindo no chão. Parece que nunca viram uma criança de cinco anos, às vezes menos, com um cachimbo de craque na boca. Vejo isso todos os dias. Mas o assunto sequer é citado pelos presidenciáveis.

As favelas aqui perto de casa estão cheias de gente passando fome de verdade. Eles não têm instrução para escolher, à luz da razão, quem serão seus representantes. Essa escolha se dá por meio do hipócrita show de marketing em que se tornaram as eleições; por meio do ilegal boca de urna que presenciei no primeiro turno; por meio do mensalinho que o PT distribui a essas pessoas. E tem mais: fui testemunha in loco de candidatos do PT fazendo churrasco numa favela de Guaianazes, extremo leste de São Paulo, com apoio da galera do PCC, para arrecadar votos. Mas aí me vem à senhora Maria Rita Kehl, no artigo Dois Pesos, publicado no jornal O Estado de São Paulo, dizendo o seguinte:

“Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.”

Maria Rita Kehl, por Deus, mulher, não precisa falar em interior, fiquemos aqui na capital mesmo. Afinal, de quais pobres a senhora está falando e em qual País eles vivem? Decerto fala dos pobres e do País observado pela senhora de cima do altar de sua intelectualidade, que conhece essa gente só por livros e estatísticas. Esse “votar em causa própria” significa pagar o mensalinho recebido - uma espécie de voto de cabresto dissimulado, característica da moderna forma de coronelismo petista. E a senhora ainda chama isso de preservar direitos mínimos pela via democrática? Ah, vá... Direito mínimo é a educação que conduz ao exercício consciente da cidadania, ao raciocínio crítico acerca dos assuntos públicos - os quais deveriam nortear as eleições mas que foram substituídos por querelas religiosas e outras frivolidades. Sem educação a única coisa existente nesse processo é um simulacro de democracia.

Lembro um trecho do romance A Cartuxa de Parma, de Stendhal: “Se a palavra ‘amor’ for pronunciada entre eles, estarei perdido”, diz o conde Mosca ao ver se afastar a carruagem que leva Sanseverina e Fabrice. Agora é só trocar a palavra “amor” por “educação” e está aí o que faz tremer as bases dos políticos brasileiros.

Agora, talvez você se pergunte, afinal, por que diabo esse cara não vai votar? Por quatro motivos. Primeiro, por tudo o que citei acima, óbvio; segundo, porque travo minhas batalhas nas ruas e na surdina; terceiro, porque falarei mal tanto do Serra quanto da Dilma, independente de quem for eleito; quarto, porque quero manter minhas mãos limpas, por ora.

Um comentário:

  1. Otima posição Wagner, imagina só, o povo brasileiro ter educação! coisa feia Wagner! prefiro comprar minha monografia ou copiar pelo google! O Engraçado disso tudo é que elegemos oq somos, aceitamos tudo e ainda sorrimos. E volta e meia aparece um intelectual dizendo balelas; Isso me lembrou de um geografo estadunidense, que ele foi proibido de exercer sua profissão por motivos politicos, ele então largou a universidd q ele dava aula e se tornou taxista, pois assim ele estava próximo do seu objeto de estudo, nas ruas do suburbio defendendo e formando cabeças, seria legal se os intelectuais brasileiros ao invés de escreverem balelas fossem as ruas distribuindo conhecimentos.

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