segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quando a coisa fica preta, uns correm; outros enfrentam

"Eu também sei governar.
Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de arueira
No lombo de quem mandou dar."
Aroeira, de Geraldo Vandré


O abandono deste blog se justifica pela correria com assuntos da universidade, o trabalho diário e inevitável sem o qual não surge na mesa um pão sequer. Sem falar que ainda não aprendi a fazer o milagre da multiplicação, então preciso muito mais do que um misero pãozinho.

Mas, falando sério, tenho algumas coisinhas a dizer sobre o caso dos três gays espancados na Av. Paulista, no dia 14/11, por quatros pivetes homofóbicos, três deles ainda menores de idade.

Não perderei tempo explicando os motivos desses atos. A questão está permeada por fatores históricos. Basta dizer que esses meninos não nasceram homofóbicos, foram construídos, moldados de acordo os desejos alheios, banhados com um ódio que, a princípio, não era deles. Junte-se a isso o tempero picante do conflito externo entre os próprios sentimentos e os sentimentos que lhes foram ensinados como corretos, honestos e normais, e teremos aí bombas atômicas ambulantes, prontinhas para explodir e contaminar a tudo com o ódio que eles mesmos não sabem explicar.

Desinteressa as explicações pelo simples fato de que tô pouco me lixando se são neuróticos ou não, torturados pelo desejo ou não. Dane-se se eles são o que fizeram deles. Importa-me o que eles fizeram com os outros. É inadmissível esse tipo de violência. Mas se essa é a única linguagem que o agressor conhece, portanto, é nessa linguagem que as contas devem ser acertadas.

Não adianta mais os gays tentarem combater atos de violência com atos de amor, como é o caso dos beijaços como forma de protesto, de manifesto ou de repúdio. Já defendi o combate à violência com atos de amor em artigo anterior Dos Gays e da Bestialidade humana. Mas, infelizmente, o agressor, o opressor, só compreende uma linguagem: a deles próprios. Só conhecem o ódio e o desrespeito ao ser humano; como esperar que eles compreendam manifestações de amor?

Há algum tempo, Luiz Mott disse nalgum lugar que os gays deveriam aprender defesa pessoal - ou algo que o valha - que os gays deveriam responder às agressões. Algumas pessoas do alto escalão do movimento homossexual colocaram a mão na boca em sinal de horror às palavras de Mott. Mas eles também sabem que horror mesmo é a quantidade de gays que levam porrada nas ruas diariamente, passivamente, caladamente.

Basta!

Essa é a palavra que deve rugir por todos os cantos. Deve haver conflito pesado para estimular o Estado a agir como pacificador de conflitos sociais e aprovar a Lei contra homofobia. De quanto sangue mais o Congresso precisa? Ou será que o sangue dos gays não é suficiente? Será preciso então derramar sangue dos homofóbicos? É isso? Enquanto os gays continuarem apanhando passiva e pacificamente a situação ficará na comodidade tanto para o Estado quanto para os agressores.

De minha parte, se eu presenciar qualquer cena de agressão, não hesitarei em partir pro ataque. Como disse Geraldo Vandré na música Aroeira: “É a volta do cipó de Aroeira no lombo de quem mandou dar”.

Acabei de receber uma ligação de um amigo dizendo que as criaturinhas de satanás foram liberadas. Pois bem. Isso é tudo.


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