Na cama
- Faz tempo que a gente não conversa, né?
- Tá falando do quê? A gente se fala todo dia.
- Exatamente. A gente se fala todo dia. Mas raramente conversamos assim... assim... assim, você sabe, nus.
- Ah! Isso é verdade. Mas é muito difícil mesmo desnudar a alma. É até doloroso demais às vezes.
- É, é mesmo, você tem razão. Então, eu queria aproveitar esse momento. Esquecer todas as coisas lá de fora, daquele mundo lá fora, tão imundo, que tem Dilma, que tem Lula, valha-me Deus, vou mudar de assunto rápido. Antes que me roubem até esse momento. Sabe, quero dizer algumas coisas, verdadeiras, posso?
- Depende.
- Do quê?
- Se for me deixar mal, prefiro que não diga nada. Não tô a fim de ficar chateada. Na verdade, quero mesmo é que as pessoas mintam. Será que você poderia mentir pra mim, só um pouquinho?
- Posso, claro. Sob uma condição.
- Qual?
- Que minta para mim, pelo menos um tiquinho de nada também.
- Ok. Tô grávida de 3 meses?
- Que?! Puta que pariu. Não dá. Vai ter que tirar isso aí.
- Idiota. Eu sumiria do mapa se estivesse grávida de um filho seu. Ou me mataria. Você é um calhordas.
- Não sou, não. Só não quero um parasita sugando seu sangue por nove meses pra depois sugar nossas vidas até que elas se acabem.
- Deixa pra lá. Que coisas verdadeiras queria me contar. Diga, pois tenho algumas coisas verdadeiras para te contar também.
- Amanhã faz 10 anos que estamos juntos. Eu nunca disse que uma coisa que, sabia eu, era importante pra você. Vem cá, me abraça. Forte. Isso. Assim. Como você é linda.
- Que coisa é essa tão importante pra mim e que você nunca disse?
- Sente o meu abraço. Tá vendo como é quente.
- Sim, sim. Quente como nunca.
- Ah, minha linda, minha princesinha, EU TE AMO!
- Nossa, amor, que deu em você?
- Não sei. Tô sentindo isso há alguns dias. Mas o que você queria me dizer.
- Deixa pra outra hora.
- Não, conta vai. Quero saber.
- Tá bom. Tô grávida.
- Não brinca assim, pô. Já falei. Não adianta. Não vou querer ter filho.
- O filho é do seu pai.
Muito bom!
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