sábado, 3 de abril de 2010

Fragmentos

1h da madrugada. Sairei às 4h para ir surfar. Os músculos das minhas costas estão em chamas, inflamação imbecil. Não me importo com a dor. A dor é como outros demônios. Crescem à medida que lhes dedique atenção. Tudo nesta vida tem um preço, basta saber o quanto está disposto a pagar para se atingir um objetivo.

Pensamentos inóspitos habitam minha mente.

Decido escrever um post rápido para este blog.

As pessoas “normais” dedicam suas vidas à construção de uma fortaleza sólida em torno si próprias: casas de concreto, com grades em todas as janelas, apartamentos em condomínios que mais parecem penitenciarias, carros, todo tipo de artefatos com tecnologia de ponta, contratam empresas de segurança eletrônicas para monitorar, 24h por dia, primeiro seus bens, depois suas vidas. Assim, criam um reality show da vida real, no qual são protagonistas e espectadores ao mesmo tempo. Tornar suas vidas uma prisão é a única forma possível de sentirem algo parecido com felicidade e segurança.

Deve haver algo de errado com essas pessoas. Sufoca-me viver cercado pelo sólido. A idéia de ter total controle sobre o que vai acontecer me parece pavorosa. A vida perde o sabor.

O meu desejo é sair pelo mundo, sem paradeiro certo, conhecendo pessoas e lugares diferentes todos os dias. Mas, para isso, preciso do maldito dinheiro. O mesmo dinheiro que é necessário para possuir casas, apartamentos, carros, famílias e outros objetos. Mas é lógico que me parece mais interessante trabalhar para viver do que viver para trabalhar.

Tenho planos de viajar pela América Latina no final do ano, depois que terminar minhas responsabilidades com o mundo acadêmico, obrigações de todo cidadão exemplar. Contei sobre esses planos a um amigo. Ele perguntou se eu não atrasaria demais os meus “projetos de vida”. Pensei comigo mesmo: “Jesus! Do que ele está falando?”

Fui ingênuo. Ele faz parte da massa homogênea cujo projeto de vida consiste em transformar a vida mesma numa prisão. Para os integrantes dessa massa, é inconcebível uma vida em liberdade.

Se eu disser a essas pessoas que A LIBERDADE É MINHA ÚNICA PRISÃO, será que eles entenderiam? Será que compreenderiam o que quero dizer com o termo liberdade? Será que seriam capazes de me encarar sem o olhar inquisidor que lhes é característico?

E você, seria capaz de conceber uma vida sem se preocupar em estar rodeado pelo sólido? Quando o mesmo sólido pode ser o motivo da discórdia entre os seus descendentes depois de sua morte, sem falar que serão eles a gozar do fruto da sua não-vida.

Um comentário:

  1. Oii Wagner,

    Nossa estive lendo seus post's. E lhe dou Parabéns.

    Continuarei lendo'

    Abraços

    Diogo

    ResponderExcluir